Qua, 18 de setembro de 2019, 10:58

‘Lente Histórica’: projeto da UFS usa o YouTube para difundir conhecimento histórico
Com a intenção de servir como um material paradidático, canal busca ajudar o professor de História em sala de aula
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Lousa, cadeira, giz e, agora, internet. O ambiente escolar se modificou com a ascensão das novas tecnologias. E é nesse contexto que surge o “Lente Histórica”, um canal no YouTube dedicado a produzir conteúdo sobre cultura histórica, que é toda manifestação da consciência humana no formato não acadêmico.

Para assistir as produções do “Lente Histórica”, acesse o canal clicando aqui.


Fotos: Paulo Marques/bolsista Ascom UFS
Fotos: Paulo Marques/bolsista Ascom UFS

Pela dimensão e complexidade do assunto, o projeto de extensão, vinculado ao Grupo de Pesquisa Diáspora Atlântica dos Sefarditas (GPDAS), do Departamento de História da UFS (DHI), optou por trabalhar apenas três aspectos: música, cinema e arte.

O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) realizou um estudo que revelou que o Brasil é o segundo país onde os estudantes passam mais tempo na internet. O YouTube, por exemplo, usado para armazenamento de vídeos, surgiu em 2005 e se tornou um dos maiores sites de armazenamento de vídeo do mundo. De acordo com a empresa, a plataforma possui mais de um bilhão de usuários, ou seja, o equivalente a aproximadamente 13% da população da Terra. Ainda segundo o site, sete bilhões de horas são gastas por semana no site, que inclui 88 países e 76 idiomas.

Game of Thrones e o Império Romano


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Com uma linguagem própria do ambiente digital, o canal se utiliza de “memes” e referências da cultura pop para dialogar com o seu público. Através dos quadros “História sem dó”, “Luz, câmera e história” e “Aquarela histórica”, o projeto, que conta hoje com mais de 3 mil visualizações, aborda, por exemplo, aspectos em comum do seriado Game of Thrones (Guerra dos Tronos) com o Império Romano.

Thaís Souza, apresentadora do canal, conta que o primeiro vídeo surgiu ao perceberem a alta audiência do seriado da HBO (emissora de televisão norte-americana) e como esta produção televisa poderia servir para falar sobre o Império Romano.

“Pegamos um assunto que estava em alta e fizemos um vídeo histórico, com embasamento acadêmico, para as pessoas que estão fora do ambiente acadêmico, utilizando uma linguagem extremamente paradidática”, conta a jovem, que é voluntária no projeto.

Dentro da plataforma YouTube existem muitos canais que debatem conteúdos educacionais. O YouTube Edu, uma inciativa do próprio site, é um exemplo disso. O canal é um projeto do Google em parceria com a Fundação Lemann, que conta com mais de 21 milhões de visualizações e é voltado somente para a disponibilização de conteúdos educacionais.


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Thaís Souza defende que é necessário debater História no espaço cibernético. “No YouTube temos vários canais que debatem sobre história, mas sem fundamento científico. É coisa de: ‘eu pesquisei’. Porém, onde estão as fontes? Qual o embasamento teórico daquilo? E há muitas informações erradas, não condizem com a realidade da pesquisa de fato que se encontra na academia”, conclui.

Uma aula, um desafio

A coordenação do “Lente Histórica” é feita pelo professor Marcos Silva, que compõe o quadro de docentes do DHI. Marcos conta que a ideia do projeto surgiu de uma disciplina ministrada em 2016.

“Estava falando da necessidade do professor, especialmente o de História, trabalhar os princípios de uma coisa chamada Educomunicação, ou seja, uma educação utilizando os princípios da comunicação”, explica.

Logo em seguida, o professor sugeriu um desafio. “E se nós tivéssemos que fazer um canal no YouTube para ensinar História? E podemos fazer isso como um desafio para todos”, relembra Marcos, que nomeou a tarefa como “Desafio cognitivo estimulante”.

Com a proposta lançada, o professor dividiu a turma em três equipes para construir o projeto piloto que originou o “Lente Histórica”.

Equipe


O professor Marcos Silva (dir.), do DHI, com a equipe do Lente Histórica. (foto: Adilson Andrade/Ascom UFS)
O professor Marcos Silva (dir.), do DHI, com a equipe do Lente Histórica. (foto: Adilson Andrade/Ascom UFS)

Hoje, o desafio tornou-se projeto de extensão da UFS e conta com 5 integrantes, todos voluntários do Departamento de História. Por trás da produção, há roteiristas, editores e apresentadora.

Fernanda Carvalho é uma das roteiristas. Ela conta que, ao saber do projeto, ficou curiosa para entender como funcionava. “Como estou no primeiro período, participar de um projeto desses é uma experiência nova para mim. É algo que eu nunca tive contato antes. Por isso, me encantei”, diz.

Além de Fernanda, o canal possui outra roteirista, a Dorcas Ferreira. A estudante descobriu o “Lente Histórica” na edição de 2018 da Semana Acadêmica da UFS (Semac).

“Eu tive o primeiro contato com o projeto na Semac. Era uma exposição sobre o ‘Lente Histórica’ contando como eles produziam os vídeos e quais eram os embasamentos usados. Ao ver a exposição fiquei com vontade de contribuir com ideias para novos vídeos e logo entrei em contato com o professor”, explica Dorcas.

Com o passar do tempo, as equipes costumam se reformular. Atualmente, o responsável pela edição das produções é Everlan Feitosa. O estudante busca integrar elementos da cultura digital nos vídeos e, para isso, faz uso dos famosos “memes” que circulam nas redes sociais.

Everlan conta que conheceu o projeto através de cartões do canal que estavam sendo entregues em uma aula. “Eu já tenho uma noção básica de edição e, ao receber o cartão, logo pensei que o projeto estava com bastante esmero”, diz.

Paulo Marques (bolsista)

Luiz Amaro

comunica@ufs.br


Lente Histórica: conheça o canal que busca disseminar o conhecimento histórico.

Atualizado em: Qua, 18 de setembro de 2019, 11:08
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